quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Pensamento em Forma de Poesia

                                                   




                                             AMOR SUPREMO


                                         Amor Maior
                                         Que minh’alma procura.
                                         Amor contido na Lei
                                         De Suprema Ventura.
                                         Amor que abarca horizontes,
                                         Amor que vence distâncias,
                                         Que transpira verdade,
                                         Que atravessa fronteiras.

                                          Amor feito de esperança
                                          Sereno, bondoso e justo.
                                          Amor semeado no passado,
                                          Colhido na lembrança.
                                          Enche de luz o caminho
                                          Amor forte, persistente
                                          Conduz à caridade
                                          E o ser torna indulgente.

                                           Ah! O amor que minh’alma
                                           Está sempre a procurar,
                                           Reside no coração
                                           De quem sabe confiar.
                                           Pois Jesus, O Mensageiro,
                                           Com doçura e mansidão,
                                           Anunciou ao mundo inteiro
                                           Que o AMOR é a salvação!


                                                                           Maria Luiza R. Garber*

*Maria Luiza Garber é Doutora em Letras

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

SERIA A WEB AGENTE DESAGREGADOR DA BOA COMUNICAÇÃO ESCRITA EM PORTUGUÊS FORMAL?

Contemporaneamente quase não usamos, para corresponder-nos, outros meios que não o digital.  Trata-se de um veículo econômico, eficiente, célere e objetivo, que torna possível pulverizar ideias, informações, ofertas dos mais diversos produtos, promoções, campanhas, por todos os cantos da Terra, em velocidade impressionante.
Pela internet, são realizados todos os tipos de transações comerciais.  Através de mecanismos relativamente simples, vendem-se desde roupas íntimas, até aviões, passando por cartões de crédito, seguros, viagens, ingressos para espetáculos e serviços.
Por outro lado, redes sociais, sites, blogs e comunidades de todas as tendências, saturam nossas caixas de correspondência com tal diversividade de temas, que somos forçados a proceder extenuante filtragem a cada novo dia.
Dentro de tal contexto, inúmeras são as teses que reprovam, e de forma veemente, a Web, por ser a “causadora” de todos os males, quando se fala em deturpar a linguagem de Camões.  A meu ver, a Web é uma ferramenta magnífica e sem precedentes na arte da comunicação, aproximando, dando voz às pessoas, que, de forma democrática, ganham o direito de praticar uma interação jamais vista.
Os verdadeiros responsáveis pelos danos causados, somos nós, que, muitas vezes,  lançamos para consumo externo, de forma descuidada, matérias contendo erros crassos de gramática, concordância, pontuação.  Nossos comunicados tornam-se, então, ininteligíveis, não alcançam seus objetivos e ainda conotam displicência.
Muitas das grandes empresas que baseiam sua atuação na internet, a maioria delas originária de outros países, são bastante descuidadas na elaboração de sua correspondência eletrônica,  esquecendo de avaliar a extensão dos prejuízos, tanto no que se refere à sua reputação, como no âmbito comercial, já que amiúde não logram ser bem explícitos na apresentação e mecanismos de venda dos seus produtos.
Costumamos responsabilizar a internet, as limitações dos softwares, computadores e  periféricos, a baixa qualidade do ensino,  os maus tratos dos governos para com os educadores, sem, contudo, fazermos uma reflexão sobre como podemos colaborar para que as pessoas  escrevam melhor.
A web não deve ser responsabilizada pelo desserviço causado aos internautas menos informados, induzidos a erros os mais absurdos, quando poderiam ser beneficiados com a oportunidade de aprimorar seu português, tanto na forma como no estilo, bastando para isso, que houvesse um pouco mais de ética e um  pouco menos de pressa por parte de todos aqueles que detêm o poder da comunicação. O estranho é que aparentemente não haja nenhum tipo de controle sobre isso.
Reflitamos sobre essa importante questão, façamos a nossa parte e torçamos para que todos, mesmo aos poucos,  passem a engrossar nossas fileiras.  De minha parte, doravante, não mais divulgarei conteúdos de e-mails, sites, blogs, newsletters ou quaisquer documentos oficiais ou não, que tratem com menosprezo o nosso vernáculo.
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      

terça-feira, 12 de abril de 2011

TOMMY JAMES AND THE SHONDELLS - 1968

           Naquela época de censura e pouca liberdade, difícilmente podíamos ter acesso  ao que "rolava" em termos de música, pelo mundo.  Hoje nos resta resgatar, mas fica uma pontinha de inveja dos que puderam viver na plenitude,  aqueles dias.

domingo, 3 de abril de 2011

MEUS OITO ANOS


 Casimiro  de Abreu

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar - é lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!
Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minhã irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo.
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
- Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
A sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!

VAMOS FAZER A PONTUAÇÃO? RESPOSTA

  

     A pontuação do texto, abaixo, é a do próprio autor.  Devo confessar que a minha seria um pouco diferente.


   
As mangas da camisa, tinha-as enroladas até o cotovelo, bem como a parte inferior das calças que arregaçava cerca de um palmo. Usava de alpargatas de couro cru e chapéu mineiro afunilado, cuja aba larga e abatida ocultava-lhe grande parte da fisionomia.
            Vinha ele em direção oblíqua ao caminho dos dois jovens, e mal avistou a menina, logo desviou-se do rumo que levava no intuito de evitá-la; mas achando-se por isso fronteiro com Miguel, escapou-lhe o gesto de contrariedade e tomou o partido de parar à espera que os outros se fossem, deixando-lhe passagem livre.
            De seu lado estremecera o rapaz ao dar com os olhos no homem da camisola, e tal foi a comoção produzida pelo encontro, que derramou-lhe no semblante a expressão de um asco misto de horror, arrancando-lhe involuntariamente dos lábios esta exclamação:
            - Jão Fera!...
            Não se abalou o mal encarado sujeito; e Miguel, corrido do primeiro assomo de terror, que lhe embotava os brios de valente e galhardo, reagia com uma travessura de rapaz.
            Levou ao rosto a espingarda fingindo armá-la, e apontou para o outro.
            - Atire! disse aquele com a voz arrastada e indolente.
            E promovendo um passo, apresentou com desgarro o peito à mira da espingarda de Miguel, que já arrependido do gracejo, abaixava a arma.

segunda-feira, 28 de março de 2011

DESGARRADOS

Clássico do folcore gaúcho,  a música de Mário Barbará e Sérgio Napp, vencedora de festivais da canção nativa, aborda um tema preocupante que atinge não só a nós, gaúchos, como a todos os Estados brasileiros: - O êxodo rural.
Famílias inteiras deixam a vida saudável do campo, onde, por diversos fatores, as coisas  têm se tornado muito difíceis. Apesar das tímidas providências que vêm sendo tomadas pelo poder público,  o meio rural está se tornando um verdadeiro deserto, com grande carência de mão-de-obra e as decorrentes dificuldades que se refletem na produção primária.
A gente mais humilde, peões, proprietários de minifúndios ou moradores de áreas muito pequenas, não suportando a falta de empregos, infraestrutura (energia elétrica, estradas, postos de saúde, escolas e, agora, até água potável)  e perspectivas de futuro para os mais jovens, partem para as cidades maiores, em busca de uma vida melhor.
Engrossando as fileiras dos desvalidos habitantes dos subúrbios, passam a disputar, e de forma bastante desigual, um "lugar ao Sol".  Aí, sim, a vida se torna dura:  não há mais a solidariedade que, mal ou bem, havia nos seus lugares de origem; ao contrário, predominam o individualismo e a rivalidade.
Vem, então, o arrependimento, o desejo de voltar à "querência", o que, na maioria das vezes, já não é mais possível.

Observem com atenção a letra de DESGARRADOS, Mário Barbará e Sérgio Napp:




Eles se encontram no cais do porto pelas calçadas
Fazem biscates pelos mercados, pelas esquinas,
Carregam lixo, vendem revistas, juntam baganas
E são pingentes das avenidas da capital
Eles se escondem pelos botecos entre cortiços
E pra esquecerem contam bravatas, velhas histórias
E então são tragos, muitos estragos, por toda anoite
Olhos abertos, o longe é perto, o que vale é o sonho

Sopram ventos desgarrados, carregados de saudade
Viram copos viram mundos, mas o que foi, nunca mais será

Mas o que foi, nunca mais será
Mas o que foi, nunca mais será

Cevavam mate, sorriso franco, palheiro aceso
Viravam brasas, contavam casos, polindo esporas,
Geada fria, café bem quente, muito alvoroço,
Arreios firmes e nos pescoços lenços vermelhos

Jogo do osso, cana de espera e o pão de forno
O milho assado, a carne gorda, a cancha reta
Faziam planos e nem sabiam que eram felizes
Olhos abertos, o longe é perto, o que vale é o sonho

Sopram ventos desgarrados, carregados de saudade
Viram copos viram mundos, mas o que foi,  nunca mais será

Mas o que foi,  nunca mais será
Mas o que foi,  nunca mais será

Jogo do osso, cana de espera e o pão de forno

O milho assado, a carne gorda, a cancha reta
Faziam planos e nem sabiam que eram felízes
Olhos abertos, o longe é perto, o que vale é o sonho

Sopram ventos desgarrados, carregados de saudade
Viram copos viram mundos, mas o que foi nunca mais será
Mas o que foi,  nunca mais será
Mas o que foi.  nunca mais será
  




sábado, 26 de março de 2011

Vamos fazer a pontuação?

 O desafio de hoje é colocar a devida pontuação nesse trecho da obra TIL, de José de Alencar. Confiram o seu desempenho na próxima semana.  Boa Sorte!


As mangas da camisa tinha-as enroladas até o cotovelo bem como a parte inferior das calças que arregaçava cerca de um palmo usava de alpargatas de couro cru e chapéu mineiro afunilado cuja aba larga e abatida ocultava-lhe grande parte da fisionomia vinha ele em direção oblíqua ao caminho dos dois jovens e mal avistou a menina logo desviou-se do rumo que levava no intuito de evitá-la mas achando-se por isso fronteiro com Miguel escapou-lhe o gesto de contrariedade e tomou o partido de parar à espera que os outros se fossem deixando-lhe passagem livre de seu lado estremecera o rapaz ao dar com os olhos no homem da camisola e tal foi a comoção produzida pelo encontro que derramou-lhe no semblante a expressão de um asco misto de horror arrancando-lhe involuntariamente dos lábios esta exclamação Jão Fera não se abalou o mal encarado sujeito e Miguel corrido do primeiro assomo de terror que lhe embotava os brios de valente e galhardo reagia com uma travessura de rapaz levou ao rosto a espingarda fingindo armá-la e apontou para o outro atire disse aquele com a voz arrastada e indolente e promovendo um passo apresentou com desgarro o peito à mira da espingarda de Miguel que já arrependido do gracejo abaixava a arma


 OBSERVAÇÃO - Foram omitidos propositadamente, margens, parágrafos e tudo que pudesse facilitar a execução da tarefa.

domingo, 20 de março de 2011

DEVAGAR, MAS SEMPRE

Observa o espírito de sequencia e gradação que prevalece nos mínimos setores da natureza.  Nada se realiza aos saltos e, na pauta da Lei Divina, não existe privilégio em parte alguma.
Enche-se a espiga de grão em grão;
Desenvolve-se a árvore, milímetro a milímetro;
Nasce a floresta, de sementes insignificantes;
Levanta-se a construção, peça por peça;
Começa, o tecido, nos fios;
As mais famosas páginas foram produzidas, letra a letra;
Não abandones o teu grande sonho de conhecer e fazer, nos domínios superiores da inteligência e do sentimento, mas não te esqueças do trabalho pequenino, dia a dia.                                                                     
Há percalços e lutas, espinhos e pedras no caminho?
Prossegue mesmo assim.
O tempo, implacável dominador de civilizações e homens, marcha apenas com sessenta minutos por hora, mas nunca se detém.
Guardemos essa lição e caminhemos para diante, com a melhoria de nós mesmos.
Devagar, mas sempre.
EMANUEL