segunda-feira, 28 de março de 2011

DESGARRADOS

Clássico do folcore gaúcho,  a música de Mário Barbará e Sérgio Napp, vencedora de festivais da canção nativa, aborda um tema preocupante que atinge não só a nós, gaúchos, como a todos os Estados brasileiros: - O êxodo rural.
Famílias inteiras deixam a vida saudável do campo, onde, por diversos fatores, as coisas  têm se tornado muito difíceis. Apesar das tímidas providências que vêm sendo tomadas pelo poder público,  o meio rural está se tornando um verdadeiro deserto, com grande carência de mão-de-obra e as decorrentes dificuldades que se refletem na produção primária.
A gente mais humilde, peões, proprietários de minifúndios ou moradores de áreas muito pequenas, não suportando a falta de empregos, infraestrutura (energia elétrica, estradas, postos de saúde, escolas e, agora, até água potável)  e perspectivas de futuro para os mais jovens, partem para as cidades maiores, em busca de uma vida melhor.
Engrossando as fileiras dos desvalidos habitantes dos subúrbios, passam a disputar, e de forma bastante desigual, um "lugar ao Sol".  Aí, sim, a vida se torna dura:  não há mais a solidariedade que, mal ou bem, havia nos seus lugares de origem; ao contrário, predominam o individualismo e a rivalidade.
Vem, então, o arrependimento, o desejo de voltar à "querência", o que, na maioria das vezes, já não é mais possível.

Observem com atenção a letra de DESGARRADOS, Mário Barbará e Sérgio Napp:




Eles se encontram no cais do porto pelas calçadas
Fazem biscates pelos mercados, pelas esquinas,
Carregam lixo, vendem revistas, juntam baganas
E são pingentes das avenidas da capital
Eles se escondem pelos botecos entre cortiços
E pra esquecerem contam bravatas, velhas histórias
E então são tragos, muitos estragos, por toda anoite
Olhos abertos, o longe é perto, o que vale é o sonho

Sopram ventos desgarrados, carregados de saudade
Viram copos viram mundos, mas o que foi, nunca mais será

Mas o que foi, nunca mais será
Mas o que foi, nunca mais será

Cevavam mate, sorriso franco, palheiro aceso
Viravam brasas, contavam casos, polindo esporas,
Geada fria, café bem quente, muito alvoroço,
Arreios firmes e nos pescoços lenços vermelhos

Jogo do osso, cana de espera e o pão de forno
O milho assado, a carne gorda, a cancha reta
Faziam planos e nem sabiam que eram felizes
Olhos abertos, o longe é perto, o que vale é o sonho

Sopram ventos desgarrados, carregados de saudade
Viram copos viram mundos, mas o que foi,  nunca mais será

Mas o que foi,  nunca mais será
Mas o que foi,  nunca mais será

Jogo do osso, cana de espera e o pão de forno

O milho assado, a carne gorda, a cancha reta
Faziam planos e nem sabiam que eram felízes
Olhos abertos, o longe é perto, o que vale é o sonho

Sopram ventos desgarrados, carregados de saudade
Viram copos viram mundos, mas o que foi nunca mais será
Mas o que foi,  nunca mais será
Mas o que foi.  nunca mais será
  




Um comentário:

  1. Belíssima música, belíssima letra.
    Adorei o teu blog. Está lindo!
    Beijo!

    Mery.

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